Brasil bate recorde de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil

Em 2023, a Safernet, organização não governamental dedicada ao combate de crimes cibernéticos, enfrentou um recorde histórico no número de denúncias de abuso e exploração sexual infantil online. Com um total de 71.867 novas denúncias, este número representa o ápice desde a criação da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, em operação há 18 anos.

Comparado ao último recorde estabelecido em 2008, quando 56.115 denúncias foram recebidas, o aumento em 2023 é significativo. Esse ano foi marcado por intensa disputa jurídica entre o Ministério Público Federal e a Google, resultando em um acordo judicial que obrigou a empresa a fornecer dados para investigações relacionadas a crimes reportados no Orkut.

Na realidade, desde o início da pandemia o número de denúncias têm aumentado de maneira expressiva. Assim como o tempo de tela, o aumento tem sido consistente e não parece haver tendência de retornar aos índices pré-pandêmicos.

O aumento expressivo de 77,13% nas denúncias de abuso e exploração sexual infantil em 2023, em comparação a 2022, preocupa Thiago Tavares, fundador e diretor-presidente da Safernet. Tavares destaca três fatores que contribuíram para esse crescimento alarmante: a introdução de Inteligência Artificial generativa na criação de conteúdo, a venda de pacotes contendo imagens auto-geradas por adolescentes e demissões em massa nas grandes empresas de tecnologia, afetando as equipes de segurança e moderação de conteúdo.

Além das denúncias de abuso infantil, as violações de direitos humanos na internet também atingiram um recorde em 2023, totalizando 101.313 denúncias únicas. O crescimento de 48,7% em relação ao ano anterior é uma preocupação adicional, demonstrando a complexidade e urgência da situação.

Entre os crimes de ódio online, destaca-se o aumento de 252,25% nas denúncias de xenofobia e 29,97% nas de intolerância religiosa, relacionadas ao conflito no Oriente Médio. Houve, no entanto, queda nas denúncias de crimes como racismo (-20,36%), LGBTfobia (-60,57%) e misoginia (-57,56%).

Além disso, o Canal de Ajuda da Safernet, o Helpline, registrou aumentos alarmantes em pedidos de ajuda relacionados ao aliciamento sexual infantil online (125%) e casos de abuso sexual infantil na internet (5,88%). O aumento nas consultas evidencia a urgência de conscientização e medidas preventivas.

Como Denunciar conteúdos?

A Safernet destaca a importância da colaboração global para enfrentar esses desafios, encorajando a todos que forem vítimas ou testemunhas de algum tipo de conteúdo impróprio denunciarem. A ONG também mantém parceria com instituições policiais e da justiça brasileira, podendo levar a diante a denúncia, caso seja necessário.

Você pode fazer isso, clicando-aqui.

Como trabalhar essa temática dentro da Escola?

Nosso programa de introdução tecnológica trabalha incessantemente para desenvolver uma boa respostas para essa questão. Criar a capacidade em escolas para não apenas viverem de “reação” e sim para a “prevenção” é o nosso grande desafio.

Parte deste trabalho é ajudar nossos alunos a desenvolver sua percepção de como compartilha suas fotos, quais são suas consequências hoje e no futuro deste ato. Em uma de nossas intervenções, por exemplo, chamada “Minhas Fotos” nós executamos exatamente isto:

Seguindo um passo a passo pensado especialmente para esta faixa etária, nós buscamos desenvolver neles algumas aspectos como:

Compreender a importância de pensar antes de publicar uma foto ou vídeo na internet, considerando sua adequação e como nos sentiríamos ao mostrá-los para outras pessoas. 

Reconhecer as possíveis consequências negativas de compartilhar fotos ou vídeos pessoais na internet, tanto no presente quanto no futuro. 

Conscientizar sobre a permanência e disseminação de conteúdo na internet, enfatizando que uma vez publicado, pode ser difícil ou impossível removê-lo completamente.

Assim, nós contribuímos para o trabalho de prevenção contra incidentes virtuais dentro das escolas. Lembro que neste último caso de DeepFakes, só foi possível a identificação do problema pois um dos alunos (de dezenas) discordou da ação do grupo e relatou a situação aos seus pais. Por que apenas 1 aluno de vários se sentiu desconfortável? E os outros?

Nossa iniciativa existe para que mais alunos como este existam e sejam ativos no uso ético das redes sociais e novas tecnologias.

Quer saber como levar nosso trabalho para sua escola? Clique-aqui.

Fernando Lino
Especialista em Educação Tecnológica
03/06/2024