Um dado alarmante foi revelado pela nova etapa da pesquisa da organização ChildFund Brasil: mais da metade dos adolescentes brasileiros, com idades entre 13 e 18 anos, já sofreu algum tipo de violência sexual na internet. O levantamento faz parte da campanha Maio Laranja, voltada para o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, e reacende a urgência de discutir e implementar medidas eficazes de prevenção no ambiente digital.
Segundo o estudo, 54% dos adolescentes, o equivalente a 9,2 milhões de jovens, foram vítimas desse tipo de crime virtual, com ou sem a interação direta de um agressor. Esses números exigem ação imediata da sociedade, das escolas, das famílias e do poder público.
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O que é violência sexual online?
Violência sexual online não se limita ao abuso físico mediado por tecnologias. Ela pode incluir:
Os adolescentes também relataram sofrer bullying, comentários ofensivos e exposição indevida em grupos online, revelando um ambiente tóxico e inseguro nas redes sociais e jogos virtuais.
O tempo excessivo e inseguro na internet
A pesquisa revelou que os adolescentes passam, em média, quatro horas por dia conectados à internet, geralmente pelo celular e fora do contexto escolar. Com o avanço da idade, cresce também o tempo de exposição e o número de aplicativos utilizados, o que aumenta em até 1,3 vezes o risco de sofrer violência virtual entre os jovens de 17 e 18 anos em comparação aos de 15 anos.
As redes mais utilizadas são Instagram, TikTok e o jogo Roblox, sendo o Instagram apontado como o ambiente mais inseguro por 68% dos entrevistados. O TikTok foi associado à exposição a conteúdos impróprios, enquanto o Free Fire foi citado como canal frequente de assédio verbal.
Falta de preparo para lidar com os riscos
Apesar de muitos adolescentes afirmarem que já receberam algum tipo de orientação sobre o uso da internet, 94% disseram não saber como agir diante de uma situação de risco ou violência online. A reação mais comum é o bloqueio de perfis, mas raramente há denúncia formal ou busca por ajuda de adultos, o que favorece a subnotificação dos crimes e perpetua o ciclo de violência.
Isso revela um grave déficit de educação digital estruturada nas escolas e nas famílias. Muitos adolescentes simplesmente não se sentem seguros no ambiente virtual, tampouco preparados para enfrentar as ameaças digitais.
Como prevenir a violência sexual online contra adolescentes
Nosso programa de introdução tecnológica trabalha incessantemente para desenvolver uma boa respostas para essa questão. Criar a capacidade em escolas para não apenas viverem de “reação” e sim para a “prevenção” é o nosso grande desafio.
Parte deste trabalho é ajudar nossos alunos a desenvolver sua percepção de como estranhos podem entrar em contato através de jogos online, plataformas e redes das mais variadas, e quais podem ser as intenções desses indivíduos. Em uma de nossas intervenções, por exemplo, chamada “Quem me enviou mensagem?” nós desenvolvemos exatamente isso:
Seguindo um passo a passo pensado especialmente para esta faixa etária, nós buscamos desenvolver neles algumas aspectos como:
Compreender os perigos de conversar com desconhecidos pela internet: Os alunos devem ser capazes de reconhecer que nem todas as pessoas online são quem afirmam ser, e que existem riscos associados a interagir com pessoas desconhecidas na internet.
Reconhecer os sinais de possível perigo em conversas online: Os alunos devem aprender a identificar comportamentos e perguntas que podem indicar uma situação de risco, como solicitações de informações pessoais ou tentativas de obter informações confidenciais.
Desenvolver habilidades de resposta segura a perguntas desconfortáveis: Os alunos devem ser capazes de estabelecer limites educadamente e saber como responder quando confrontados com perguntas invasivas ou pessoais que os deixem desconfortáveis, garantindo que possam proteger sua privacidade e bem-estar emocional online.
Em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente, a proteção das crianças online torna-se uma tarefa cada vez mais desafiadora e urgente. É essencial que todos os setores da sociedade se unam para garantir que as crianças possam navegar na internet sem medo, protegendo-as do abuso e exploração sexual online.
Nossa iniciativa existe para que mais alunos como este existam e sejam ativos no uso ético das redes sociais e novas tecnologias.
Quer saber como levar nosso trabalho para sua escola? Clique-aqui.
