A partir de janeiro de 2025 (no Brasil), o Instagram introduzirá um conjunto de novas políticas para garantir a proteção dos adolescentes, entre 13 e 16 anos, enquanto navegam pela plataforma. Essas mudanças visam fornecer mais controle e segurança para os jovens usuários, além de facilitar o acompanhamento parental sobre as atividades dos filhos. O objetivo principal é reduzir a exposição a conteúdos inadequados e limitar as interações indesejadas.
No entanto, mesmo com essas medidas, há um problema fundamental que não está sendo abordado: o impacto contínuo dos algoritmos que controlam o conteúdo oferecido aos adolescentes.
Aqui estão as seis principais mudanças que o Instagram implementará, seguidas de uma reflexão sobre o problema que essas políticas não resolvem.
1. Conta Privada por Padrão
A primeira mudança determina que todas as novas contas de adolescentes serão automaticamente configuradas como privadas. Isso significa que apenas os seguidores previamente aprovados poderão visualizar as postagens e stories do usuário. Com essa alteração, o Instagram pretende criar uma camada extra de proteção para adolescentes, restringindo o acesso ao seu conteúdo por estranhos. Para aqueles que já possuem contas públicas, as configurações serão ajustadas gradualmente ao longo do tempo.
Essa mudança é um passo importante, pois limita a exposição pública dos adolescentes a indivíduos desconhecidos, minimizando o risco de interações indesejadas e o contato com pessoas mal-intencionadas.
2. Limites para Mensagens Diretas
A segunda medida restringe o envio de mensagens diretas. A partir de agora, apenas seguidores previamente aprovados poderão enviar mensagens para adolescentes. Essa política foi pensada para reduzir o risco de contatos indesejados com pessoas desconhecidas, garantindo que os jovens mantenham interações apenas com pessoas que eles conhecem e confiam.
Essa medida responde a uma crescente preocupação com a segurança dos adolescentes online, onde o contato direto com estranhos tem sido uma das principais fontes de risco para essa faixa etária.
3. Restrições de Conteúdo Sensível
Outra grande mudança diz respeito ao conteúdo ao qual os adolescentes serão expostos. O Instagram aplicará filtros para bloquear publicações que envolvam violência, brigas, e tópicos como procedimentos estéticos. Esses conteúdos não aparecerão no feed, em Reels ou na aba Explorar para usuários adolescentes, ajudando a reduzir a exposição a materiais que podem ser inadequados ou prejudiciais.
Esse tipo de filtragem é essencial, já que estudos indicam que adolescentes, devido à vulnerabilidade emocional e psicológica, são mais suscetíveis aos impactos negativos de conteúdos sensíveis. Minimizar esse tipo de exposição pode auxiliar no desenvolvimento de uma experiência digital mais saudável.
4. Notificações Silenciadas à Noite
Para promover melhores hábitos digitais, o Instagram introduzirá uma política de silenciamento automático das notificações entre 22h e 7h. Esse recurso foi projetado para encorajar os adolescentes a pausarem o uso do aplicativo durante a noite, permitindo-lhes descansar adequadamente.
Essa iniciativa reflete uma crescente preocupação com os efeitos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos, especialmente à noite, que pode interferir na qualidade do sono e impactar a saúde mental e física dos adolescentes.
5. Controle sobre Interações
O controle sobre as interações também será aprimorado. Somente seguidores aprovados poderão marcar adolescentes em postagens e stories. Além disso, o Instagram implementará filtros automáticos para bloquear comentários ofensivos ou relacionados ao bullying, com o objetivo de criar um ambiente digital mais seguro e saudável para os jovens.
Esse controle é crucial para combater o cyberbullying, que tem crescido entre adolescentes e causado impactos psicológicos severos. Limitar essas interações e bloquear comentários prejudiciais pode reduzir os danos emocionais causados por agressões online.
6. Aviso de Tempo de Uso
A última mudança importante é a notificação sobre o tempo de uso. Após 60 minutos diários de navegação, o Instagram enviará um alerta para que os adolescentes façam uma pausa. Esse recurso visa conscientizar os jovens sobre o tempo gasto no aplicativo e incentivá-los a adotar um uso mais equilibrado.
Embora esse tipo de lembrete seja um passo na direção certa, ele depende fortemente da adesão dos adolescentes. Estudos mostram que a maioria dos jovens ignora esses alertas, o que limita a eficácia da medida.
O Problema: Os Algoritmos Ainda Controlam Tudo
Apesar dessas mudanças, há um problema mais profundo que não é abordado: os algoritmos do Instagram, que continuam a dominar a experiência dos adolescentes na plataforma. Os algoritmos são programados para maximizar o tempo de engajamento, recomendando conteúdos com base nas interações dos usuários. Isso significa que, se um adolescente interagir com publicações sobre temas como dietas, o sistema pode expor o jovem a uma sequência de posts que promovem distúrbios alimentares ou outras questões prejudiciais à saúde mental.
A promessa do Instagram de bloquear termos como “bulimia” ou “anorexia” e redirecionar para recursos de apoio é uma medida limitada, já que os algoritmos podem continuar expondo adolescentes a conteúdos problemáticos de forma indireta. Além disso, muitos usuários utilizam códigos ou variações linguísticas, uma prática conhecida como “algospeak“, para contornar os filtros da plataforma. Palavras como “unalive” (um eufemismo para suicídio) e “corn” (substituto de pornografia) são apenas exemplos de como esses conteúdos conseguem passar despercebidos.
A Falta de Educação sobre Bem-estar Digital
Outro ponto crucial que agrava a situação é a falta de conhecimento sobre bem-estar digital, tanto por parte dos adolescentes quanto dos pais. Menos de 10% dos pais utilizam as ferramentas parentais disponíveis no Instagram, o que evidencia a grave lacuna no entendimento sobre segurança online. Muitos responsáveis não sabem como ativar esses recursos ou até mesmo que eles existem.
Essa falta de conscientização digital torna difícil para os pais supervisionarem adequadamente o uso das redes sociais pelos filhos. O Instagram, ao delegar grande parte da responsabilidade para os pais, acaba ignorando que a maioria deles não está equipada para lidar com os desafios do mundo digital.
Conclusão: Medidas Insuficientes para um Problema Maior
As novas políticas do Instagram são um avanço importante na proteção dos adolescentes, mas não conseguem resolver o problema central: os algoritmos continuam priorizando o engajamento em detrimento da segurança. Enquanto essa questão não for abordada de maneira mais profunda, os adolescentes continuarão vulneráveis a conteúdos prejudiciais.
Além disso, existe um dado que está passando desapercebido: menos de 10% dos pais usa as ferramentas de controle parental, ficando claro que uma solução mais eficaz precisa incluir não apenas mudanças na plataforma, mas também um esforço maior de conscientização e educação digital.
Transparência sobre o funcionamento dos algoritmos, auditorias independentes e a educação dos pais e adolescentes são passos essenciais para resolver esse problema de forma mais abrangente.
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